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acimadetudoviver

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Sozinha vs Solidão

26.10.21, acimadetudoviver

Em alturas em a vida é mais dura comigo e eu me sinto mais em baixo e com poucas forças para contrariar o desalento penso sempre que seria bom ter um namorado, um companheiro que nessas alturas tomasse as rédeas e fizesse o que era preciso, depois eu penso melhor e pergunto-me: " e tu deixavas isso acontecer?" a resposta só pode ser uma: NÃO, assim em maiúscula e tudo para que não restem dúvidas nem a mim mesma. Mesmo nos dias mais cinzentos eu não iria conseguir ficar com ninguém só porque dá jeito, só para não estar sozinha, só porque a vida podia ser mais fácil porque todas estas facilidades pagam-se caro e a infelicidade que eu iria sentir não ia valer por o que eu teria.

Isto surge porque tenho casos bem próximos de mim de pessoas se acomodam numa relação porque dá jeito, mesmo que a infelicidade esteja aos olhos de toda a gente e isso para mim é perturbador, ver pessoas de quem gosto, que são do meu sangue viverem uma vida ficticia sem respeito e sem amor para não estarem sozinhas quando a solidão é mais dificil de suportar quando se está acompanhada. 

E se eu tivesse dúvidas disso, e pudesse achar que eram coisas da minha cabeça e que eu estava a ser injusta ainda oiço que estar com a outra pessoa até não é assim tão mau porque afinal gosta dela o que acaba por não ser um sacrificio muito grande, e eu penso isto é assustador.  E do outro lado é mais assustador ainda porque vive-se uma solidão sem amor porque estar sozinho iria significar uma derrota.

Eu tento interiorizar este modo de viver e não consigo, estou sem namorado à 2 anos mas não quero ter só porque sim, só para fazer de conta, só para não estar sozinha, não, não consigo imaginar-me assim, pode não ser uma paixão arrebatadora mas tem que ter amizade, carinho, companheirismo, querer estar e querer fazer, se não for assim não é de maneira nenhuma.

 Depois de ver e ouvir tudo isto, o que dizer ou o que fazer é muito dificil porque é uma vida que os intervenientes querem viver assim, não é nada que eles queiram ver alterado, eu é que estou mal porque estou sozinha por não querer qualquer coisa em troca de uma felicidade envenenada.

Decisões sem certezas!

21.10.21, acimadetudoviver

Sou uma pessoa pragmática, penso em tudo como se a minha vida dependesse de cada decisão que tomo, às vezes depende, como se não fosse possível voltar atrás e fazer de novo, é sempre possível (repito isto várias vezes para me convencer), tive sempre muitas certezas e as regras eram para cumprir escrupulosamente, aos 29 anos fui mãe e as certezas desapareceram e as regras foram adaptadas e às vezes contornadas (a excepção confirma a regra).

Soube que estava grávida 2 semanas depois de me separar do pai do meu filho numa consulta que era de rotina, saí de lá em modo automático, quando cheguei a casa chorei, chorei tudo até as lágrimas secarem (foi a última vez que o fiz por mim, as lágrimas haviam de voltar mais tarde ainda grávida mas devido a uma perda) e depois tomei decisões, como sempre pensei em tudo:

* tinha a certeza que a minha vida tinha mudado para sempre, ainda que eu não soubesse o que isso significava;

* tinha a certeza que queria o meu filho;

* tinha a certeza que o meu filho não ía passar por tudo o que eu passei;

* tinha a certeza que não ía educar o meu filho da mesma forma que eu fui;

* tinha a certeza que ía ser capaz de fazer tudo por ele;

* tinha a certeza que conseguia educá-lo sem o pai dele sempre ao meu lado;

* tinha a certeza que a minha vida ía mudar para melhor.

Estas foram as certezas que sempre se mantiveram, todas as outras convicções que eu tinha de que um filho meu não fazia birras, que um filho meu era obediente, que um filho meu dormia sempre na cama dele, que um filho meu seguia as regras que eu definia, todas estas caíram por terra assim que ele deixou de estar ligado a mim por um cordão e eu tive que aprender a ser mãe juntamente com ele, tive que aprender a relativizar, tive que aprender que não há mães perfeitas, nem aquelas que tem uma "família convencional", seja lá o que isso for, pois para mim a minha família é convencional, há amor, há presença, há carinho, há entrega, há compreenssão e há respeito.

Costumo dizer que como mãe erro mais do que acerto, mas a isto chama-se vida, não há um guião, nem segundos takes, mas 14 anos depois quando olho para o meu filho e sei que ele está a crescer feliz, sem dramas que lhe ensombrem o coração, com ideias definidas e pensamentos claros, esta é parte que eu acerto e que me deixa orgulhosa por estar a conseguir cumprir o que me propus no dia em que eu soube que ele fazia parte da minha vida.