Decisões sem certezas!
Sou uma pessoa pragmática, penso em tudo como se a minha vida dependesse de cada decisão que tomo, às vezes depende, como se não fosse possível voltar atrás e fazer de novo, é sempre possível (repito isto várias vezes para me convencer), tive sempre muitas certezas e as regras eram para cumprir escrupulosamente, aos 29 anos fui mãe e as certezas desapareceram e as regras foram adaptadas e às vezes contornadas (a excepção confirma a regra).
Soube que estava grávida 2 semanas depois de me separar do pai do meu filho numa consulta que era de rotina, saí de lá em modo automático, quando cheguei a casa chorei, chorei tudo até as lágrimas secarem (foi a última vez que o fiz por mim, as lágrimas haviam de voltar mais tarde ainda grávida mas devido a uma perda) e depois tomei decisões, como sempre pensei em tudo:
* tinha a certeza que a minha vida tinha mudado para sempre, ainda que eu não soubesse o que isso significava;
* tinha a certeza que queria o meu filho;
* tinha a certeza que o meu filho não ía passar por tudo o que eu passei;
* tinha a certeza que não ía educar o meu filho da mesma forma que eu fui;
* tinha a certeza que ía ser capaz de fazer tudo por ele;
* tinha a certeza que conseguia educá-lo sem o pai dele sempre ao meu lado;
* tinha a certeza que a minha vida ía mudar para melhor.
Estas foram as certezas que sempre se mantiveram, todas as outras convicções que eu tinha de que um filho meu não fazia birras, que um filho meu era obediente, que um filho meu dormia sempre na cama dele, que um filho meu seguia as regras que eu definia, todas estas caíram por terra assim que ele deixou de estar ligado a mim por um cordão e eu tive que aprender a ser mãe juntamente com ele, tive que aprender a relativizar, tive que aprender que não há mães perfeitas, nem aquelas que tem uma "família convencional", seja lá o que isso for, pois para mim a minha família é convencional, há amor, há presença, há carinho, há entrega, há compreenssão e há respeito.
Costumo dizer que como mãe erro mais do que acerto, mas a isto chama-se vida, não há um guião, nem segundos takes, mas 14 anos depois quando olho para o meu filho e sei que ele está a crescer feliz, sem dramas que lhe ensombrem o coração, com ideias definidas e pensamentos claros, esta é parte que eu acerto e que me deixa orgulhosa por estar a conseguir cumprir o que me propus no dia em que eu soube que ele fazia parte da minha vida.