Maldita Crise!
Desde quarta-feira que ando às voltas para tentar descobrir como se fala de um despedimento colectivo de 160 pessoas ligadas ao jornalismo, é algo que me toca, embora não exerça e não tenha carteira profissional, mas dói, dói muito, porque ser jornalista em Portugal não é fácil, porque não tem glamour, porque se dá muito e recebe-se pouco, seja em termos monetários, seja em termos de reconhecimento.
Em 2005 foi o jornal "A Capital" que fechou portas, cinco anos depois foi a vez do jornal "24 Horas" e da "Rádio Clube Português", em Fevereiro deste ano foi o jornal "Crime", estes são só alguns exemplos que nos saltam à vista porque pelo meio houve revistas, suplementos de jornais que foram dispensando colaboradores porque não conseguiam fazer subir os números, sempre os números e se eram bons, assim de repente estou a lembrar-me do DNA.
Cada vez mais as pessoas são números, o que as move, o que pensam, o que sentem pouco importa, o que realmente interessa é o que conseguem realizar para que os números subam, mesmo que isso não vá de encontro aquilo em que acreditam e que tentam defender com unhas e dentes.
Desde os tempos em que estudava na faculdade que se falava na "morte anunciada do jornalismo", mas sempre pensei que era mais fogo de vista, sempre pensei que não se chegava a concretizar porque não acreditava que as ditas novas tecnologias iriam destruir o papel e o prazer de pegar numa folha de papel de jornal, estava enganada, as novas tecnologias não serviram só para ajudar o jornalismo, também o ajudam a matar-se aos poucos, hoje uns, amanhã outros.
No nosso país não é possível vingar duas plataformas, ou temos papel ou temos jornais e revistas gratuitas na internet e isso não dá de comer aos profissionais que foram despedidos, é preciso inovar, mas também é importante não esquecer que quem faz as notícias seja em que plataforma seja são pessoas e não números em que a primeira casa é o jornal onde trabalham.