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acimadetudoviver

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Saúde Mental: o princípio

09.10.24, acimadetudoviver

Lembro-me de ter 16/17 anos e estar em plena crise existencial da adolescência e em conversa com amigas dizer que precisava de ir a um psicologo e essa ideia era corroborada entre todas, todas nós tinhamos essa ideia porque viviamos cheias de dúvidas, completamente indecisas e em permanente "guerra" com os pais, sobretudo a mãe, então para nós o psicologo era aquela pessoa que iria resolver todas as nossas questões existenciais, nos iria dizer o que deveriamos fazer e quais as nossas escolhas.

Hoje, eu tenho a certeza que um psicologo é importante na vida de qualquer pessoa, sobretudo na adolescência porque é uma fase de muitas mudanças e lá está de muitas dúvidas, claro que o psicologo pode entrar na vida de uma pessoa para ajudar a clarificar ideias e sentimentos por nós próprios e ajudar a trabalhar "traumas" vividos que por vezes foram recalcados e outras vezes desencorajados como situações "sem importância".

Isto para dizer que a adolescente de há 30 anos deveria efectivamente ter procurado um profissional da saúde mental e ter começado a resolver todas as questões que naquela altura já tinham uma grande importância mas que acabaram recalcadas e escondidas no meu subconsciente porque não era uma coisa usual, eu própria fiz questão de ajudar nesse processo dizendo para mim mesma que eu ia conseguir ultrapassar tudo sozinha, que conseguia gerir todos os meu sentimentos e que não precisava da ajuda de ninguém. E consegui, e senti-me forte e poderosa e os anos passaram e todas as situações menos boas eu conseguia ultrapassar estoicamente, qual Dom Quixote lutando contra os moinhos de vento, mas assim como os moinhos de vento de D. Quixote representavam os seus fantasmas emocionais, os meus moinhos de vento também e atingiram uma grandeza e as suas velas eram já tão fortes e tão imensas que chegou o dia em que os meus moinhos me venceram e as minhas emoções escondidas debaixo do tapete e recalcadas no fundo do meu ser rebentaram e os destroços são imensos, e a repercução que tem na minha vida é completamente desastrosa e tenho vindo a apanhar os cacos todos e tenho tentado desesperadamente por alguma ordem nesta grande explosão, não tem sido fácil, os estragos foram grandes, vou ter que começar do zero e desta vez com ajuda profissional porque não consigo sozinha e o caminho vai ser longo.

A desvalorização da minha saúde mental levou-me a stress constante e uma adernalina que sempre achei maravilhosa porque me permitia fazer tudo sem olhar para o lado; levou-me a estar contantemente em alerta e a um descanso reduzido porque eu sempre acreditei que não precisava, qualquer descanso era tempo perdido a não produzir; levou-me a explodir sobretudo com as pessoas que eu mais amo sempre que alguma coisa não estava como era suposto, porque o nível de exigência que eu coloco em tudo não tem margem para erro; levou-me a descurar a minha alimentação porque eu só comia quando tinha fome, ou seja, passava perfeitamente mais de 5 horas sem comer e que me fazia emagrecer drasticamente em pouco tempo com consequências na minha saúde física muito grandes, desde falta de vitaminas e minerais essenciais, pele baça, queda acentuada de cabelo mas eu sempre achei que comer era desperdiçar tempo, eu só precisava de comer para me manter de pé e isso podia ser qualquer coisa até café quem sempre consumi em excesso. Entretanto sem eu dar importância aos sinais que iam aparecendo, sobretudo ao cansaço extremo e à irritabilidade constante, o meu corpo disse que não queria mais e começou a deixar de corresponder, ou seja, fui obrigada a parar e a tomar decisões, e não houve sequer duas opções, não aqui a decisão principal foi vais cuidar de ti já!