Hoje ganhei fôlego e vim até aqui ao meu cantinho escrever meia dúzia de disparates para ver se consigo que o meu cérebro comece a funcionar. Desde há um mês e meio que a "nossa vida" ( o mundo inteiro) está em suspenso, desde há um mês e meio que estamos a aprender a viver de maneira diferente e vamos mesmo ter de aprender qualquer coisa depois disto tudo acalmar (ainda vai demorar um pouco até passar), vamos sobretudo aprender o que de facto é importante e quais as nossas prioridades e o devemos valorizar.

O meu filho está há um mês e meio em casa com parcas saídas à rua, só para apanhar ar, ele que nem pede para sair, para ele estar em casa não é um problema, entre jogos com os amigos, estudo, televisão e leituras, ele vai fazendo um pouco de tudo e os dias vão passando tranquilos, no outro dia deixou escapar que tinha saudades da escola, estranhei, julguei que tinha batido com a cabeça, não... as saudades eram de jogar à bola, de correr atrás dos amigos com uma bola nos pés.

Do que ele sente mesmo falta é do pai, as conversas todos os dias e as video-chamadas não chegam, falta o mais importante: os abraços, os beijos, o cheiro e o estar junto, o meu filho todo ele é toque e pele é o que lhe faz mais falta, ele percebe, aceita mas está a contar todos os minutos para tudo voltar ao normal.

A minha vida continua da mesma maneira, com alguns ajustes, pois ter um filho em casa não é fácil, sobretudo porque de cada vez que entro em casa, entra também o medo comigo mas tento ser positiva e tento fazer tudo bem. Tenho reaprendido a trabalhar, não é fácil, é tão bonito dizer que se faz tudo on-line, mas depois na prática o on-line não funciona a 100%, as ligações caem porque estão sobrecarregadas, a burocrácia aumenta, mesmo on-line e pronto é isto, o país de quarentena a trabalhar a meio gás e cheio de restrições.